Guia Definitivo das Etapas Técnicas

Algumas empresas vão requerer que você tenha conhecimentos de base, como algoritmos, estrutura de dados e de system-design. O problema é que nem sempre as atividades do dia-a-dia vão se conectar a esses conhecimentos.

Às vezes a rotina como dev é mais de apagar incêndio, participar de reunião e codar de qualquer jeito para sair o mais rápido o possível. Por vezes a complexidade do projeto são só CRUD's que não requerem um super algoritmo ou uma arquitetura rebuscada. Acaba que o processo seletivo fica um pouco desconexo com os conhecimentos que você possui.

A boa notícia é que existem milhares de empresas, com dezenas de tipos de processos seletivos diferentes. Para algumas empresas você vai receber o pior feedback possível (que pode fazer você parecer um verdadeiro inútil) para outras você vai ser o fit perfeito. Mas nunca generalize.

Se preparar para entrevistas vai te fazer um programador melhor. Estudar os conceitos de base de algoritmos, estrutura de dados e system design além de colocar mais grana no seu bolso te ajuda a estruturar melhor as suas ideias. O que não se treina, se esquece. É por isso que a grande parte dos programadores mandam bem na parte prática do dia-a-dia mas não sabem resolver problemas específicos de algoritmos e estrutura de dados.

Os preparatórios a seguir serão o seu guia definitivo nessa jornada. Da agência pequena à Big Tech: você estará preparado.

Lembre-se: estar pronto para uma entrevista é como estar pronto para em concurso ou vestibular. Não basta saber as matérias, é preciso estar pronto para as pegadinhas dos testes e das provas. Você sabe. Já passou por isso.

Entrevista é repertório, contexto, repetição e treino.

Lembre-se disso: seu passado não é um mero histórico de empresas do LinkedIn, mas uma ferramenta de marketing pessoal ajustada especificamente para as necessidades e contextos da entrevista que você está fazendo. Sua experiência é um toolkit que deve ser usado de forma ATIVA:

• "Esse trabalho é bem parecido com o que eu fazia aqui [...]"
• "Minha experiência que mais se assemelha a essa situação foi quando eu trabalhei em XYZ [...]"
• "Vocês usam a ferramenta [X], nunca a utilizei, mas tenho experiência em outras ferramentas parecidas como [Y], então é bem fácil de aprender."
• "Posso te mostrar um material que fiz há alguns meses? Creio que faz sentido para essa vaga [...]"

Mas quando você começa a preparar esse toolkit? Não é no dia da entrevista, mas sim bem antes. Isso começa desde a análise do job description e vai se desenrolando a partir das perguntas que você irá fazer para quem quer te contratar.

Encontre a pedra no sapato: Qual dor da empresa que você vai resolver?

Quanto mais clara essa pergunta, mas claras as respostas, mais chances você tem de passar.

Em qualquer entrevista que você faça, seu objetivo deve ser despertar no recruiter um sentimento de:

“CARAMBA, ESSA PESSOA É INACREDITAVELMENTE PARECIDA COM O QUE EU BUSCO“.

E como despertar esse sentimento?

• Leia tudo sobre a empresa (valores, missão e etc) bem como todos os jobs descriptions (inclusive de vagas de outros setores da empresa para tentar descobrir o que eles planejam / precisam).
• Escreva um texto enorme em inglês, como se fosse você explicando para o entrevistador tudo o que te faz conectar com aquela vaga e com a empresa (seus valores, suas experiências e realizações).
• Tente lembrar de histórias que ocorreram com você no passado e tenha algumas na manga para se conectar com o que eles precisam / gostam / requerem.

Pegue esse material todo e comece a treinar como se fosse um teatro, tenha as histórias na ponta da língua. As pessoas esquecem nomes, números e definições, mas elas nunca se esquecem de uma boa história, nunca esquecem UMA NECESSIDADE, comece a dominar a narrativa e a deixar a sua história de vida mais envolvente!

Uma vaga aberta é uma peça faltando, você precisa saber qual é para ser a peça.

Uma vaga aberta é uma dor, você precisa diagnosticar para ser a cura.

Você só vai conseguir esse feito treinando, estudando a empresa e colocando suas idéias no papel, diagnosticando necessidades, como um médico faz.

Treine esse script leia e releia quantas vezes necessárias.

O objetivo é você ter capacidade de demonstrar proficiência e familiaridade com os tópicos, ferramentas e tecnologias durante o processo de entrevista.

Não adianta só saber fazer, é preciso saber explicar.

Como foi dito, o grande segredo para passar em qualquer entrevista é conseguir entender o que a empresa precisa, saber tomar uma decisão, saber explicar essa decisão e saber defender sua posição.

Eis aqui alguns pontos-chave que você tem que dominar para evitar possíveis erros na sua narrativa:

• Aprofundamento Técnico: Aprofunde o entendimento em áreas-chave relacionadas, como arquitetura, design patterns, etc. Busque demonstrar experiência prática em situações complexas, destacando soluções detalhadas que você tenha implementado.
• Especificidade nas Respostas: Ao responder perguntas técnicas, NÃO ENCHA LINGUIÇA. Forneça exemplos específicos de desafios anteriores. Evite falar “nós fizemos isso”, “meu time fez tal coisa”… foque nas soluções que VOCÊ implementou.
• Apresentação de Projetos Anteriores: Detalhe mais sobre projetos anteriores, incluindo tecnologias especificas utilizadas, desafios enfrentados e suas contribuições individuais.
• Experiência Detalhada: Ao discutir sua experiência, forneça detalhes mais abrangentes sobre projetos anteriores, seu papel específico e como você impactou positivamente os resultados.
• Contextualização com a Senioridade: Ao abordar questões técnicas, certifique-se de contextualizar suas respostas de maneira a refletir uma compreensão aprofundada e experiência conforme sua senioridade atual.

Nas explicações, principalmente na fase do system design, é interessante que você saiba utilizar ferramentas didáticas para provar os seus pontos e esclarecer suas idéias.

Algumas ferramentas legais de desenho são: excalidraw, whimsical e eraser.

Pratique bastante para fazer bons desenhos conceituais e de arquitetura. Isso vai te ajudar a saber explicar sua linha de raciocínio quando não tiver respostas conclusivas sobre as perguntas. Não tenha medo de perguntar. Fazer boas perguntas é um destaque excelente em todas as etapas das entrevistas.

As etapas:

O número de etapas pode variar de empresa para empresa, mas no geral, as entrevistas técnicas internacionais são compostas por:

• HR Interview (Phone Screening) - Aqui o RH vai ver se você é uma pessoa mesmo, se tem o mínimo de inglês, se tem fit com a vaga, se não é um robô.
• Cultural Fit - Aqui eles querem saber se você tem os mesmos valores e objetivos que a empresa. Se tem a mesma vibe, se vai ser um bom par para as pessoas que já trabalham na empresa.
• Project Based Interview (Take Home Assignment) - Aqui você vai ter um desafio e vai poder trabalhar durante alguns dias para resolvê-lo. Geralmente após esse step você vai ter uma entrevista técnica do qual as pessoas poderão fazer perguntas sobre o projeto, para ver se foi você mesmo que o desenvolveu.
• Technical Interview (Conversa Técnica) - Nessa conversa o entrevistador técnico vai trocar uma idéia com você pra saber se você manja do que falou que manja. Vai te fazer perguntas baseado nas coisas que colocou no CV ou do resultado do seu take home assignment, por fim, vai testar se você realmente sabe o que disse que sabe.
• Pair Programming - Aqui algum entrevistador técnico vai te propor um problema e vai querer entender sua linha de raciocínio para chegar a uma solução. Você vai ter que ser bom de desenhar e explicar conceitos. Pense que você tem que demontrar que você vai ser um bom par para o time, que sabe fazer boas perguntas e que por mais que não saiba a solução, saiba explicar o caminho para tal.
• C-Level Interview - Aqui você vai falar com um dos cabeças da empresa, ele vai passar o último pente fino para verificar se você é realmente adequado ou não. Poderá utilizar todos os elementos das entrevistas anteriores para dar um double check.

O Hack para conseguir mock interviews gratuitas.

Hack 1: Portugal

Fazer entrevistas em Inglês é praticar Inglês de graça, por isso você não precisa se acanhar.

Entrevistas devem ser feitas quando você não quer um emprego, quando se encontra estável e possui a capacidade de exageirar na negociação da oferta sem se preocupar com uma negativa. Não tem nada de imoral nisso, faça sem medo.

Alguns países são mais fáceis de conseguir entrevistas do que outros.

Portugal por exemplo, é um excelente primeiro lugar para conseguir entrevistas, já que tem um polo tecnólogico recheado de boas empresas e está em plena ascenção. No entanto, os salários de lá são muito baixos, menores até do que posições de mesma categoria no Brasil.

Para os recruiters lusitanos atrairem gente é mais difícil, eles estão competindo com o mundo, e com os salários de 30 ~ 40 mil reais dos países vizinhos como a Alemanha e Holanda.

Caso você queira se testar antes de queimar fichas com as empresas que você realmente queira, fazer entrevistas para Portugal pode ser uma boa alternativa para treinar, destravar e perder o medo.

Você vai conseguir fazer entrevistas sem o estresse de querer MUITO a resposta positiva.

E se eu passar nessas mock interviews, devo aceitar a offer?

Tudo depende da oferta. Vai de cada um. É importante lembrar que as vagas mais competitivas de tecnologia geralmente se concentram nos Estados Unidos.

Portugal aqui é mais recomendado como uma estratégia para você se calejar em processos seletivos para perder o medo, e depois, encontrar qualquer outro país que pague o triplo e fazer o processo seletivo “de verdade”.

Hack 2: Empresas de Pre-Vetting.

Existem outras plataformas que você pode fazer o processo seletivo e que, caso você passe, talvez compense aceitar a oferta. As recomendadas pelo #JNG são: Revelo, Brainstrust, VanHack, Strider.

O processo seletivo dessas empresas se chama serviços de “pre-vetting”, basicamente são empresas intermediadoras que fazem um pré-filtro nos candidatos e depois enviam os resultados para dezenas de clientes para tentar te alocar.

Nelas, você vai conseguir efetivamente agendar entrevistas, trocar idéias com recruiters internacional e calejar a sua confiança em ambientes livres do stress e da ansiedade de uma entrevista, assim como as de Portugal, com a diferença de que você poderá aceitar a oferta no final.